Aceite hospedar um inquilino, por pouco tempo, mas aconteceu.
Neste contrato me comprometi a aquecê-lo, alimentá-lo, protegê-lo, sossegá-lo, embora nem sempre a recíproca seja verdadeira. Mas me responsabilizei por isso, não me queixar do estômago embrulhado, da dor no pé da barriga, nos seios, do novo morador chutando algumas paredes. Ele é agitado e atualmente mora num lugar apertado (que vai ficar proporcionalmente ainda menor). Eu me prometi a cuidá-lo e bem formá-lo, da unha do dedão à ponta do nariz (que provavelmente será grande). E também aguardá-lo, ansiosamente, quando, então pronto, aceitar sair do meu abrigo, de mim. Vou deixar de ser o objeto casa, serei classificada então como mãe. Mas nem por isso deixarei de ser o teto, o acalento, o alimento, o ninho... Vou aceitá-lo, vou amá-lo, vou abrigá-lo agora sob mim! Deste dia em diante deixarei de ser pessoa (só) e passarei a ser moradia (para sempre)!